domingo, 13 de abril de 2008

Uma História

Esta é pelo Rui Reis .... :)

Tenho a vantagem, por causa do outro blogue da minha turma que era o responsável de já ter escrito algumas coisas.

Hoje ponho aqui uma história que já foi lida num programa de rádio o História devida

Beijos a todos



Em Campo Maior ....

Fui durante alguns anos director do Hotel Santa Beatriz em Campo Maior.

É um Hotel com perto de 40 quartos e como em todas as unidades pequenas o director é director de todas as secções e porque não há ninguém em quem delegar se sente responsável por tudo o que lá se passa.

Ora “e pelo acima exposto” um dia, 6ª ou sábado à noite, ás 00h30 e sem razão nenhuma aparente, resolvi lá passar a ver como estavam as coisas.

Nessa noite, por acaso, estava sentado na recepção um amigo meu, à espera de um amigo ou amiga, já não me lembro e já com um grão na asa, que logo me disse:

- Passou aí para dentro uma loiraça, cuidado com ela .....

Aí para dentro!... pensei eu... e olhei logo para o recepcionista, que estava atarefado.

Que não tinha visto nada, que estava a fazer o fecho, que não reparou em nada.

- Aqui há marosca, pensei eu, desconfiei inclusivamente quem era a loiraça e se era a que eu pensava era mesmo um pedaço de mulher.

– Olha lá, quem é que saiu agora de turno perguntei ao recepcionista (a mudança era ás 24h00).

Que tinha sido o Firmino. Então de certeza que a loiraça era uma “amiga” que ele me tinha apresentado à pouco tempo e que devia te-lo ido esperar à saída do trabalho, mas por algum motivo devia ter entrado pelo hotel. Para o despachar ou qualquer coisa do género.

Mer ... pensei eu lá vou ter que me chatear. A chatice é que se eu não soubesse de nada nada faria (e todos nós sabemos as histórias que há dentro dos hotéis), mas soube e tive que agir.

Um bocadinho aborrecido, entro pela zona de serviço e passo pela cave de dia do Restaurante onde estava o Barman a acabar de arrumar. Vejo umas cervejas abertas e ele sozinho. Perguntei-lhe onde estavam o Firmino e a amiga e sobre as cervejas e ele respondeu-me que não os tinha visto e que as cervejas eram sobras de clientes. Fingi que acreditei e continuei a andar em direcção aos balneários já com um sorriso malandro a antecipar a cházada que ia dar ao Firmino.

Pelo caminho vou entrando em todos os lados por onde passava, arrecadações, bar, casas de banho publicas, refeitório e finalmente balneários. empurro a porta do das raparigas e estava fechada. Rodo a maçaneta e estava fechada à chave. Estranhei muito e fui à dos homens que estava aberta. Então tinham que estar na casa de banho das raparigas. Voltei atrás e bati à porta seguro que eles lá estavam entrincheirados.

- Abram a porta que sei que estão aí, digo num tom bastante autoritário e agora já a achar menos graça que a brincadeira já estava a ir longe de mais.

Moita. Nada. Silencio. E a porta sem se abrir.

Quando ia bater outra vez ouço passos atrás de mim ... Era o Barman (o tal das cervejas) que disse aos colegas – Abram, abram que fomos apanhados.

Sorri vitorioso e antes de se abrir a porta, vejo pela frincha que se abre a luz do balneário e de repente abre-se a porta.... e caiu-me tudo ao chão.

Estava à espera que me saíssem de lá o Firmino e a Loiraça, que tinham que sair em figuras normais porque tudo isto se tinha passado em 1 ou 2 minutos e não tinham tido tempo de fazer nada. Mas... nunca se sabe.

Quando me saem de lá o Firmino a Loiraça (de facto em perfeito estado de aprumo) e .......

Tcharam .....



2 G.N.R. fardados.

Durante uns micro segundos fiquei completamente banzado. Boca aberta sem saber o que dizer.

Quem diria que eu iria um dia “prender” 2 GNR fardados e como é que me ia desembrulhar desta situação.

Por dentro esmigalhava-me a rir. Mas tinha que manter a cara séria, ainda tinha que dar a cházada aos meus empregados e aos GNR.

A rapariga mandei-a embora, não a ia melindrar.

E o chá foi mais ou menos assim.

- .... em vez de assumirem como homens a vossa asneira levaram na vossa infantilidade a autoridade fardada (acentuando o fardado) a portar-se indignamente e a fugir com o rabo entre as pernas. Não são as cervejas que fazem a diferença, estes dois senhores aqui no hotel são sempre meus convidados desde que fardados bebem as cervejas que quiserem, que sei não serão muitas porque estão de serviço, mas no bar, não às escondidas, não fugindo para uma casa de banho com uma rapariga e contigo (e apontava com o dedo para o Firmino). Imaginem os que as pessoas diriam se soubessem da história. Francamente....

Os GNR corados até à raiz dos cabelos, eu quase a desmanchar-me a rir, os 2 empregados em pânico – Desculpe Sr. António ... Não voltamos a fazer ...

- Schiu, com vocês falo amanhã... e como estes senhores (os GNR) aqui nesta casa não precisam de beber ás escondidas vão abrir o Bar que agora vou eu convidá-los a beber uma cerveja comigo. Ás claras, sem ser ás escondidas.

Ficámos lá todos até ás 5 da manhã. Os empregados só os deixei beber água e aos GNR, que só queriam era sair dali a sete pés, obriguei-os a beber não sei quantas cervejas.

Cada vez que diziam ... – Vá temos que sair – eu ia dizendo, como por lá se diz: só mais uma .... atão não me vão deixar sozinho agora ... venha de lá a espora (que é suposto ser a ultima) ... a abaladiça ... a reespora ..... foi assim até ás 5.

Tinha que ter o gozo da vitória. Eu tinha “prendido” 2 G.N.R. e estava a gozar o prato à grande. E eles comprometidos não tinham coragem de sair.

Entretanto e durante essas cervejas todas soube o que se passou. História de terra pequena, claro.

a) O barman estava de facto a sair de serviço e a beber uma cerveja com os GNR, que eram primos dele e que tinham também eles acabado de sair de serviço, e com o Firmino.
b) a loira tinha ido dizer para o Firmino se despachar.
c) Quando entro à porta do Hotel o recepcionista tem tempo de ligar para a cave de dia a avisar e fugiram todos. Até os GNR.

Quando finalmente os deixei “abalar” ri-me, ri-me, ri-me como ainda hoje me ri sozinho aqui em frente ao computador enquanto escrevia esta história cujo titulo devia ser.

- O Dia em que prendi 2 GNR -

Aos empregados nada lhes aconteceu, claro. No dia seguinte dei-lhes uma desanda ameacei-os com o despedimento e queixinhas aos patrões e a partir daí ficaram 2 dos melhores e mais fieis empregados de hotelaria que alguma vez tive. Até hoje se sentem em dívida comigo. Somos amigos.


PS – Que fique bem claro que adoro e sempre adorei Campo Maior e os Camponeses. E que esta estória se passou lá mas podia ter-se passado noutra qualquer Campo Maior deste país, que as há muitas, do Norte ao Sul.

E AQUI FICA A VERSÃO (LIGEIRAMENTE ALTERADA QUE SAIU NA RÁDIO)

Um comentário:

Anônimo disse...

Grande Tomico!
fantastica historia!

parabens!

rui