sábado, 7 de junho de 2008

La Sanction!

Neste mundo tão sofisticado e globalizado, em que as novas correm, literalmente, a velocidade da luz, não deixa de ser caricato e sintomático o processo de selecção das notícias que se distribuem por esses jornais fora.

"La Dépêche de Tahiti" é "o" jornal publicado diariamente em Papeete, a capital da Polinésia Francesa, este maravilhoso arquipélago de 118 ilhas que ocupa uma extensão, no Oceano Pacífico, do tamanho da Europa. O jornal foi criado no dia 3 de Agosto de 1964 por Philippe Mazellier e hoje é o diário mais lido pelas gentes locais, com uma tiragem de 16 000 números distribuídos não só na ilha maior, Tahiti, mas também nas outras mais afastadas como Bora Bora, Raiatea, as Marquesas, Tuamotus, etc.
Na secção internacional, vai explicando por palavras suas o que se passa no resto do globo, esses lugares que, vistos de aqui, têm uns problemas tão aparentemente inúteis para quem vive isolado no meio de um oceano tão imenso.

Ontem, oh alegria! escreveram sobre Portugal!

Digam lá se no meu lugar não se sentiriam contentes por ver uma noticiazinha do nosso lendário País a mais de 16 mil quilómetros de distância.

Poderiam ter escrito, por exemplo, sobre a 57ª Grande Noite do Fado, ou sobre o Museu do Oriente que nos recorda a importância e a influência dos Portugueses no Oriente dos séculos XVI e XVII; ou ainda, da forma como Portugal e Marrocos discutem a crise energética; ou do novo Hotel de Charme a construir em Gaia, com vista para uma das mais espectaculares velhas (leia-se lendárias) cidades do Mundo; ou das já 134 praias magníficas com facilidades de acesso a cidadãos com alguma dificuldade física que os impeça de caminhar de forma dita normal; ou de como o arquipélago dos Açores se vai preparando para competir a serio com os campos de golf de Pebble Beach.

Enfim, a lista poderia seguir por aqui abaixo por mais umas dezenas de linhas.
Mas não. Não escreveram sobre nada disto. E se calhar a culpa nem é da "Depeche". Longe de mim tal ideia de apontar o dedo, acusador.

Não acuso, mas entristeço-me. Porque a notícia que este pequeno grande jornal, depois de tantos meses ou anos, escolheu para finalmente escrever sobre o meu País não fala nem de teatro, nem de musica, nem de golfe, nem de arquitectura, nem de Historia, nem de energia, nem de vinho, nem de queijo, nem de Pousadas, nem dos 800 km de praias.

Fala de um "sifflet" ou, traduzido na língua de Pessoa, de um apito.
E de corrupção, ou tentativa dela.
E de serem expulsos da competição por fazer batota.

Fala, enfim, apenas dum tal "Sifflet... doré"!

E, enfim... é pena!

Tinhamos tantas outras coisas mais bonitas para contar ao povo da Polinésia.


Rui

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